Saúde mental e sua importância para o coração
Mente e coração não são dois opostos. Pensamentos, sentimentos, situações adversas e outras condições emocionais que nos atravessam estão conectadas ao funcionamento do nosso corpo. Estudos científicos trazem, cada vez mais, evidências sobre a relação entre a saúde mental e doenças cardiovasculares.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo, com 9,3% da população afetada, ou seja, cerca de 18,6 milhões de pessoas.
Tanto os sintomas depressivos como a ansiedade são, hoje, reconhecidos como fatores de risco para Doença Arterial Coronariana e outras Doenças Cardiovasculares, de acordo com artigo publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences.
Dessa forma, o cuidado com a saúde do coração deve ser realizado de forma integrada e deve ser capaz de atender às necessidades de corpo físico e sutil. Para além de questões como obesidade e hipertensão, por exemplo, é preciso olhar também para a carga de estresse de cada pessoa e ajudá-la a lidar melhor com as situações que a angustiam.
‘Mente sã, corpo são’. Para isso, preparamos este artigo com informações e orientações importantes para manter suas saúdes – física e mental – em dia. Acompanhe!
Saúde mental, estresse e ansiedade no Brasil
Para começar, é importante compreendermos o tamanho da questão dos transtornos mentais. Como vimos no início, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, de acordo com a OMS.
E, diante do atravessamento da pandemia do novo coronavírus, a situação da saúde mental no país piorou: pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, mostrou que o Brasil é o país com mais casos de ansiedade (63%) e depressão (59%).
Um outro estudo, esse do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, mostrou que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito ao longo de 2020.
Os números são alarmantes e servem para que, diante deles, possamos perceber a urgência em cuidar da mente e das emoções para que nosso corpo, como um todo, possa realizar suas funções em equilíbrio.
ansiedade e estresse vs coração?
Bem, mas como o estresse, a ansiedade e os transtornos mentais mexem com o coração? Vamos lá.
O estresse é uma condição que se caracteriza pela sensação de desconforto, pelo medo, preocupação, nervosismo e até indignação. Quando a gente se incomoda, se sente afetado, de uma forma profunda é um sinal que fala da relação entre a saúde mental e as doenças coronarianas.
Diante desse mal-estar mental, gera-se um estado de tensão e atenção constantes no corpo, responsável por aumentar a liberação de determinados hormônios, como adrenalina e cortisol.
Estas substâncias, em excesso no organismo, provocam instabilidade, elevam a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos, que são fatores para desencadear, por exemplo, um infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Outra relação entre o estresse e as doenças do coração está no fato do transtorno mental elevar o nível de colesterol. Como um sistema interligado, o corpo, sob tensão, faz com que o fígado passe a produzir uma quantidade maior de colesterol para se proteger.
Por outro lado, o corpo não consegue dar conta de retirar o excesso de gordura do sangue, que com o tempo, pode ficar mais espesso, afetando os processos de circulação e, consequentemente, as funções do coração.
Depressão e Doença Arterial Coronariana
Agora, vamos para um caso bem específico, capaz de ilustrar a relação direta entre saúde mental e doenças do coração. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão no planeta.
A depressão é uma condição diferente das flutuações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração que são inerentes à vida cotidiana.
Nos quadros depressivos, a pessoa afetada tem um grande sofrimento e passa a ter suas funções no trabalho, na escola ou no meio familiar comprometidas.
De acordo com o artigo publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences, estudos epidemiológicos mostram que a depressão é mais frequente entre pacientes portadores de doença arterial coronariana, com uma prevalência estimada entre 20% e 40%.
A pesquisa relata ainda que a depressão está associada a um risco aumentado de desenvolvimento de doença coronária durante a vida.
Já um estudo realizado pela King’s College London, na Inglaterra, indicou que pacientes com transtornos mentais como depressão, esquizofrenia ou transtorno bipolar têm 78% mais riscos de desenvolver doenças cardiovasculares em longo prazo, em razão do uso de antipsicóticos – remédios que tendem a aumentar o índice de massa corporal.
Trabalho e estresse: fuja da Síndrome de Burnout
Sabemos que muitos casos de estresse, ansiedade e depressão estão associados aos aspectos profissionais, ao ambiente e às condições de trabalho. Pressão, cobrança, assédio, desmotivação, entre outros fatores, afetam diretamente a saúde mental.
Os casos crônicos de estresse decorrentes, especificamente, das situações do ambiente de trabalho foram definidos como uma síndrome, a Síndrome de Burnout. Ela assume uma concepção multidimensional e sua manifestação se caracteriza por um esgotamento emocional, redução da realização pessoal no trabalho e despersonalização do profissional.
Um passo importante para fugir da Síndrome de Burnout é reconhecer o fato de estar exausto, insatisfeito e sobrecarregado. O ato de assumir e reconhecer que algo não vai bem é primordial para transformar uma situação. Depois, o diálogo com os superiores e a troca com os colegas são chaves importantes para encontrar novas e melhores possibilidades dentro do trabalho.
Além disso, busque por momentos de lazer e pela prática de atividade física regular. Essas iniciativas são alicerces para o cuidado integral de corpo e mente que citamos no começo deste artigo. Mas é possível fazer mais. Veja a seguir.
Como manter a saúde mental em dia?
O cuidado com a saúde mental está associado, diretamente, a atitudes práticas de bem-estar que devem ser incorporadas ao cotidiano. Como dissemos acima, o primeiro passo é reconhecer a necessidade de rever comportamentos e de assumir que a carga mental está pesada demais.
Ao trazer para a consciência o desconforto e os incômodos que atormentam e angustiam, há mais clareza e, assim, mais chances de mudar, de encontrar saídas e alternativas. Entre as recomendações de especialistas para manter a saúde mental em dia estão:
Autoconhecimento
Por meio de práticas terapêuticas, realizadas por profissionais como psicólogos e psicanalistas, é possível nos conhecermos melhor, refletirmos sobre quem somos, o que queremos, e acolhermos nossos medos, nossas frustrações, nossas sombras e nossa luz.
Meditação e terapias integrativas
Práticas como a meditação e a acupuntura podem ser também um caminho para o cuidado das emoções, dos sentimentos e dos pensamentos. As terapias integrativas podem proporcionar um importante equilíbrio entre corpo e mente.
Dormir bem, comer bem e praticar atividade física
O trio é um trio de ouro na prevenção de doenças cardiovasculares e no cuidado com a saúde mental.
Descanso de qualidade, exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável são, sem dúvidas, ações que contribuem de forma significativa na redução do estresse e nos sintomas de ansiedade e depressão.
Dormir bem, praticar atividade física e consumir alimentos mais naturais são verbos que tratam, de forma orgânica, do funcionamento do corpo, pois regulam os hormônios e substâncias associadas ao sistema nervoso.
Pequenas grandes atitudes de bem-estar mental
Mas, o mais importante, é conseguir inserir, no dia a dia, pequenos momentos de prazer capazes de aliviar a tensão e liberar boas sensações.
Ler um livro, ouvir música, cozinhar, bordar, pintar, realizar atividades manuais, conversar com uma pessoa querida são formas de encontrar satisfação para o cotidiano. Busque aquilo que faz sentido e acalma sua cabeça e seu coração.
USO DAS REDES SOCIAIS NA MEDIDA PARA O CORAÇÃO
As redes fazem conexões, estabelecem ligações, proporcionam sustentação. As redes sociais são, hoje, um espaço digital no qual as pessoas se encontram, trocam experiências, compartilham histórias e têm acesso à informação. Os aplicativos como WhatsApp, Instagram, Facebook, entre outros, estão a um clique dos usuários e são os mais acessados no mundo todo.
O mundo digital tem provocado profundas transformações nas relações humanas. As ações dentro das redes sociais extrapolam a tela e têm reflexos no mundo real. Mas qual a relação do uso dos aplicativos de troca de textos, fotos, vídeos e áudios e a saúde do coração e a saúde mental? Eles fazem bem ou mal?
Os números das redes sociais no Brasil
Antes de falarmos da relação entre as redes sociais e o coração, vamos aos números que mostram a presença da internet e dos aplicativos de comunicação no Brasil.
Os dados são do relatório anual da plataforma DataReportal, plataforma projetada para ajudar pessoas e organizações em todo o mundo a encontrar os dados, percepções e tendências.
Assim, em janeiro de 2020, havia no Brasil:
- 150,4 milhões de usuários de internet (aumento de 8,5 milhões entre 2019 e 2020).
- 140,0 milhões de usuários de mídia social (aumento de 11 milhões entre abril de 2019 e janeiro de 2020).
O Brasil está no topo quando o assunto é estar online e ocupa o segundo lugar no ranking dos países que mais tempo passam conectados à Internet: em média 9 horas e 29 minutos por dia.
Diante desse cenário, não há como negar ou fugir da presença significativa do mundo digital na vida real e de suas consequências do lado de fora da tela.
Quais os efeitos do uso das redes sociais para o coração e a saúde mental?
Bem, agora que temos uma pequena noção do tamanho das redes sociais e da internet em nossa sociedade, é hora de entender sobre como seu uso pode ser prejudicial ou benéfico à saúde física e mental.
Um estudo realizado pela Royal Society for Public Health (RSPH) – instituição de saúde pública do Reino Unido – mostrou que as redes sociais mais usadas podem provocar efeitos tanto positivos quanto nocivos à saúde humana, dependendo da maneira como são utilizadas.
Um exemplo de rede social que pode oferecer benefícios, de acordo com a pesquisa, é o Youtube. O aplicativo de vídeo pode ser uma fonte importante para acessar conteúdos produzidos por profissionais especializados em suas áreas e que usam seus canais para compartilhar conhecimento em aulas e apresentações didáticas.
Pelo YouTube, é possível também ter acesso a práticas que auxiliam no bem-estar físico e emocional, como programas de atividades físicas, meditações, aulas de Yoga, entre outras.
Redes sociais: apoio em tempos desafiadores
Ainda sobre os pontos considerados positivos à saúde mental no uso das redes sociais, está a possibilidade de se reconhecer e de se apoiar no relato e no encontro com outras pessoas, ainda que seja no espaço virtual.
Ao compartilhar sua experiência em relação a determinado problema ou dilema, uma pessoa pode, por meio dessa exposição, auxiliar outra pessoa que esteja passando por algo semelhante. As redes sociais, então, podem servir de ponte para que histórias de vida se conectem e se fortaleçam.
Assim, segundo o estudo da Royal Society For Public Health, quase 70% dos adolescentes relataram ter recebido apoio nas mídias sociais durante momentos desafiadores.
Por isso, em tempos de pandemia e isolamento social, as redes sociais têm desempenhado importante papel na aproximação das pessoas e na manutenção dos vínculos com familiares e amigos, além de proporcionar troca de vivências – mesmo entre desconhecidos – que podem colaborar para a superação das adversidades que o cenário impõe.
Mas e os malefícios das redes sociais à saúde?
Se por um lado podemos encontrar aspectos positivos no uso das redes sociais, não podemos deixar de lado os prejuízos que seu excesso pode causar. O tempo dispensado a elas, a qualidade da informação acessada e os perfis seguidos são fatores que vão direcionar para um uso saudável ou não dos aplicativos.
Ao mesmo tempo em que o Instagram e Facebook podem ligar pessoas que estejam passando por questões similares e disponibilizar conteúdos relevantes, estas redes sociais também podem desencadear episódios de estresse, ansiedade e depressão, fatores de risco para problemas cardiovasculares.
Há tempos especialistas em saúde mental estudam e alertam sobre os danos da chamada dependência tecnológica em seus pacientes. E, para eles, é urgente que as pessoas tomem consciência dessa relação para não serem engolidas pelo mundo digital.
Ainda de acordo com a pesquisa da Royal Society for Public Health (RSPH), o compartilhamento de fotos pelo Instagram reflete de forma negativa no sono, na autoimagem e aumenta o medo de jovens de ficar fora dos acontecimentos.
Dessa maneira, as redes sociais podem funcionar como catalisadoras de angústias e seus efeitos podem ser comprovados em pesquisas que apontam que pelo menos um a cada seis jovens deverá ter casos de transtorno de ansiedade em algum momento de suas vidas.
Outro dado relevante e que pode estar associado ao uso excessivo dos aplicativos é que as taxas de ansiedade e sintomas de depressão tiveram aumento de 70% nos últimos 25 anos entre as pessoas mais jovens.
Equilíbrio é a medida certa
Equilíbrio, esta é a medida certa para o coração e para a vida. Todos os excessos – do excesso de gordura e de sal ao excesso no uso das redes sociais – podem sobrecarregar a função do coração de bombear sangue para o corpo e, assim, comprometer seu funcionamento.
É preciso que o uso das redes sociais se dê dentro de um tempo saudável e que não impeça ou invada a realização de atividades mais saudáveis – como a prática de exercícios físicos, meditação e outras formas de lazer e bem-estar. O sedentarismo é inimigo da saúde do coração e é preciso estar em movimento para o coração poder seguir em bom ritmo.
Por fim, além do equilíbrio no uso das redes sociais, é fundamental buscar por informação em fontes confiáveis. Na internet, há milhares de pessoas falando sobre milhares de assuntos.
Por isso, fique atento à qualidade do conteúdo disponível e não deixe de entrar em contato com seu médico de confiança – quando o assunto for sua saúde – ou de procurar por profissionais e especialistas nos temas de seu interesse.
Certifique-se de que está recebendo orientação e acompanhamento de qualidade e de confiança.
Desopilar a mente e explorar outros sentidos do corpo colabora para o bem-estar mental e protege o coração. Então, permita-se se sentir bem por completo, combinado?
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