Estilo de vida e a saúde do coração
A maneira como vivemos reflete, diretamente, na nossa saúde. Pressões externas, cobranças por resultados, compromissos em looping, excesso de peso, alimentação não balanceada e ausência de atividades físicas são, comprovadamente, fatores de risco para o coração.
Por isso, quando se fala em doenças do coração, é preciso um cuidado diário que envolve – além de consultas e exames – mudanças no estilo de vida, tão sedimentado ao longo dos anos, e a inclusão de práticas que colaboram para redução do risco cardiovascular. E, embora a saúde do coração deva receber atenção em todas as fases, após os 40 anos, se faz necessário um olhar ainda mais apurado – e menos resistente – na busca por melhores hábitos.
Acompanhe o artigo que preparamos sobre como o estilo de vida afeta a saúde do coração e veja como é possível modificar comportamentos enraizados para prevenir infarto agudo do miocárdio, doenças cerebrovasculares, entre outros males.
O ritmo da vida e o ritmo do coração
Sai de uma call, entra em outra. Acesse e-mail, responde WhatsApp, vai ao mercado, pega trânsito e saltam mais mensagens na tela e começam outras reuniões. Tudo isso, permeado pelo consumo de cigarro, bebida alcoólica e alimentos ricos em açúcares e gorduras.
O ritmo de vida contemporânea não dá brecha para um respiro. A pressão e a velocidade das coisas sufocam o dia e o corpo, que reage.
Assim, é mais do que provado que as doenças do coração são, entre outros fatores, uma resposta do corpo ao aglomerado de informações, aos compromissos que acumulamos e às escolhas alimentares que fazemos.
Mas, a boa notícia é que esses fatores externos podem ser mudados. Assim como somos capazes de promover esse excesso e fazer escolhas não saudáveis, somos capazes de mudar a rota e optar por um caminho de mais saúde – física e mental – e de bem-estar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 80% das mortes por doenças cardíacas no mundo seriam evitadas por meio de mudanças no estilo de vida.
Para comprovar essa relação direta, um estudo realizado no Canadá, que considerou 52 países do mundo todo, inclusive o Brasil, mostrou que níveis de lipídios (gorduras) no sangue, o tabagismo, hipertensão, obesidade, aumento da circunferência abdominal e fatores psicossociais são responsáveis por 90% dos casos de infarto.
Quais hábitos prejudicam a saúde do coração?
Tabagismo
Dados de 2019 do Ministério da Saúde apontam que 9,8% dos brasileiros têm o hábito de fumar. O índice representa cerca de 22 milhões de pessoas.
O tabagismo é um dos principais fatores de risco para doenças do coração, pois o hábito tem ação direta no sistema cardiovascular ao aumentar o risco de obstrução das artérias. Esta obstrução leva ao aumento da pressão arterial e até mesmo ao infarto.
Consumo de álcool
Entre outro hábito nocivo à saúde do coração está o consumo de álcool. O Brasil é o quinto país que mais consome bebidas com teor alcoólico na América Latina, segundo relatório de 2020 da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos disse ter consumido bebida alcoólica alguma vez na vida.
Já um estudo feito na Rússia revelou o impacto do consumo excessivo de álcool em casos de danos e inflamações cardíacas. Os resultados apontaram que o excesso de bebida leva ao aumento da pressão arterial, o que afeta, diretamente, o coração e seu metabolismo celular.
Por se tratar de uma substância cardiotóxica, o álcool provoca alterações nas células cardíacas. Algumas células morrem e outras perdem funções em razão dessa toxicidade. O efeito dessa agressão pode ser a cardiomiopatia alcoólica.
Estresse
A falta de um tempo para descanso e prazer gera estresse. Quando o estresse se torna crônico, há aumento na quantidade de hormônios como adrenalina, noradrenalina e cortisol na corrente sanguínea.
A frequência cardíaca e a pressão arterial são diretamente afetadas pela elevação dessas substâncias no organismo e, como consequência, pode haver comprometimento das funções do coração, levando, por exemplo, ao mal súbito.
Má alimentação
Um outro hábito que faz mal à saúde do coração é a alimentação não equilibrada. Uma dieta rica em alimentos gordurosos e com excesso de sal e açúcar é uma vilã e tanto para o sistema cardiovascular.
O consumo desenfreado de produtos industrializados também prejudica o bom funcionamento do coração, pois sobrecarrega as artérias de substâncias tóxicas, levando a inflamação e processo aterosclerótico que por fim, dificulta a passagem da corrente sanguínea.
A má alimentação leva ao sobrepeso e à obesidade, fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Para se ter uma ideia de como a alimentação influencia a saúde cardíaca, dados da OMS, de 2016, apontam que Coreia do Sul, França e Japão são os países com os menores índices de mortalidade por doenças do coração. Estes países têm em comum baixos níveis de obesidade e uma cultura alimentar rica em peixes e vegetais e pobre em gordura.
Como mudar o estilo de vida e fazer bem ao coração?
Assim, é preciso mudar um padrão e romper com velhos hábitos – principalmente quem já tem mais de 40 anos -, que levam à hipertensão, ao sobrepeso, ao sedentarismo, à fadiga e ao mal súbito e prejudicam a saúde do coração.
Para isso, é preciso colocar em prática o que se sabe na teoria que faz bem e gera efeitos positivos. Veja só:
Prática regular de atividade física
Os exercícios físicos devem ser um hábito, fazer parte da rotina e estarem inseridos no estilo de vida. A prática regular de atividade física ajuda a controlar a frequência cardíaca, possibilitando que o coração trabalhe menos e de forma mais eficiente.
O sedentarismo é fator de risco para doenças cardiovasculares e, por isso, as pessoas ativas vivem de 15 a 20 anos mais do que quem é sedentário.
A indicação é a prática de atividades de três a cinco vezes por semana, com duração de 60 minutos cada.
No entanto, é importante frisar que, antes de iniciar uma rotina de exercícios, é indispensável consultar um médico cardiologista para uma avaliação. Clique aqui e confira mais sobre isso.
Alimentação equilibrada
Mudar o que se escolhe comer é mudar como se escolhe viver. É possível ter uma alimentação saborosa e que seja capaz de saciar a fome escolhendo itens que sejam amigos do coração.
Para isso, deve-se incluir mais legumes, verduras, frutas e grãos nas refeições, comer com consciência e inteligência e sem exageros. Reduzir sal, açúcar e gorduras é caminhar em direção a mais saúde e bem-estar.
Parar de fumar
O cigarro é inimigo número um do coração. A recomendação é abandonar o hábito e não apenas reduzir a quantidade.
Tempo para lazer e relaxamento
Reservar um tempo para si, para as atividades de lazer e relaxamento. Procurar por práticas que sejam benéficas ao corpo e à mente, como aulas de yoga e meditação. Fazer caminhadas ao ar livre e estar com as pessoas que ama.
Acompanhamento médico
Mudar hábitos significa também não deixar a visita ao Médico Cardiologista somente quando se tem algum sintoma. Mudar hábitos significa ter um acompanhamento regular, realizar exames do coração e consultas de rotina.
EXAMES INDISPENSÁVEIS PARA COMEÇAR UMA ATIVIDADE FÍSICA
A matrícula na academia e o passaporte para uma vida com mais saúde e bem-estar. A prática regular de atividade física é uma das principais indicações na prevenção das doenças cardiovasculares. Fato. No entanto, para começar os exercícios não basta fazer o check-in na academia ou contratar um personal trainer. Alguns exames do coração são indispensáveis para se garantir uma prática, de fato, saudável e segura.
Colocar o corpo em movimento, acelerar os batimentos cardíacos, suar e liberar endorfina e serotonina. Os exercícios físicos são fundamentais na melhoria do estilo de vida e no funcionamento do organismo. Os benefícios são comprovados, mas, independentemente da idade, fazer um check-up antes de treinar é outra recomendação indispensável para quem quer dar o primeiro passo.
Por que é importante realizar avaliação médica antes de começar atividade física?
Para começar, é importante entender porque a avaliação de um médico cardiologista antes de começar uma atividade física e o acompanhamento ao longo do tempo são tão importantes para a saúde quanto a prática dos exercícios em si.
Somente por meio do conhecimento médico e por meio dos exames especializados é que será possível saber quais as condições de saúde do coração e do sistema cardiovascular e detectar qualquer sinal de problema ainda não percebido, como anormalidades congênitas ou condições desenvolvidas, como uma artéria entupida, por exemplo.
A avaliação de um profissional permite que a pessoa tenha mais consciência sobre seu próprio corpo e sobre suas possibilidades de colocá-lo em movimento, já que alguns quadros podem impedir a realização de treinos mais pesados.
Além disso, os resultados de determinados exames podem ajudar na indicação dos melhores exercícios para aquela determinada pessoa e ajudá-la em relação à carga de esforço e à frequência de treino.
Assim, o acompanhamento de um profissional – tanto de um médico como de um professor de Educação Física – e os exames cardiovasculares, antes de iniciar uma atividade física, independente de qual seja, são uma proteção, valem para todas pessoas – homens e mulheres -, em todas as faixas etárias, e devem ser incluídos no pacote do “me matriculei em uma academia”.
Quais exames devem ser feitos antes de começar a prática de exercícios físicos?
Mas quais os exames do coração indispensáveis para a prática de atividade física? Por onde começar antes de apertar o play na esteira? Veja só:
Ecocardiograma de Estresse Físico ou de Esforço
O ecocardiograma é um exame capaz de avaliar as estruturas cardíacas quando estas são requisitadas durante a prática de atividade física (estresse).
O exame é realizado em uma bicicleta ergométrica e sua realização permite identificar obstruções das artérias coronárias.
O ecocardiograma de estresse com esforço físico é feito, praticamente, com a mesma monitorização de um teste ergométrico, no entanto, no primeiro são inseridas as imagens obtidas pelo ecocardiograma, tornando-o mais completo.
Eletrocardiograma
O eletrocardiograma é o exame que avalia as atividades elétricas do coração em repouso. Ele analisa os potenciais elétricos e a condução do coração.
É um exame indolor realizado por meio de eletrodos colocados em pontos específicos do corpo. As imagens transmitidas são registradas nos gráficos do eletrocardiograma e têm a capacidade de fornecer informações sobre diversas doenças cardíacas.
Sua indicação está relacionada, especialmente, à detecção de arritmias, bloqueios da condução elétrica cardíaca, isquemia miocárdica, doenças do músculo cardíaco e metabólicas e nos efeitos de alguns medicamentos, além de ser fundamental no acompanhamento de portadores de hipertensão arterial.
Teste ergométrico
O teste ergométrico ou teste de esforço é um exame que tem como objetivo avaliar o funcionamento cardiovascular e/ou respiratório de maneira ampla.
Pelo exame, é possível observar os desempenhos da frequência cardíaca e da pressão arterial antes, durante e após o esforço físico.
O teste coloca o corpo em movimento e o exercício é um estímulo fisiológico utilizado para verificar possíveis anormalidades cardiovasculares que não estão presentes no corpo em repouso e para determinar a adequação da função cardíaca.
O exame é feito em bicicleta ergométrica ou esteira rolante (mais recomendado atualmente).
Dessa maneira, durante o exame, são avaliados os seguintes parâmetros:
- alterações do eletrocardiograma no esforço;
- pressão arterial;
- resposta da frequência cardíaca;
- desempenho físico;
- presença de sintomas durante o teste;
- presença de arritmias no esforço.
Check up para começar atividade física
Por fim, realizar os exames de coração, como eletrocardiograma, ecocardiograma e teste ergométrico, antes de iniciar uma atividade física, garante uma prática monitorada, segura e com mais qualidade no desempenho e nos resultados.
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