Cardiologia infantil: cuidando da saúde dos pequenos
Crianças e corações parecem estar sempre em sincronia: coração novo e saudável bate com uma vida nova. No entanto, como já falamos em outros textos, as doenças cardiovasculares não são exclusivas dos idosos, apesar da maior incidência ser nessa faixa etária, as doenças cardíacas podem afetar crianças pequenas desde o nascimento até a primeira infância (de 0 a 6 anos), por isso é necessário prestar atenção aos batimentos cardíacos desde muito cedo.
Sabemos, que assim como em adultos e idosos, o estilo de vida e os hábitos alimentares também estão associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares em crianças, com exceção de pacientes com cardiopatia congênita, pois nesses casos a malformação é estrutural do coração desde o momento do nascimento.
Preparamos este artigo para entendermos um pouco sobre esse assunto tão delicado, para falarmos sobre como a saúde do coração na infância é afetada e quais formas de prevenção e cuidados podem ser tomados desde o início da vida. Vamos lá?
Crianças podem ter problemas de coração?
Como já falamos, a doença cardiovascular é frequentemente associada a idosos e pessoas com mais de 60 anos, mas sabemos que a ocorrência dessas doenças está presente em qualquer faixa etária, e sim, as crianças também podem desenvolver doenças cardiovasculares na primeira infância ou nascer com malformações estruturais do coração que podem afetar a sua função.
Os defeitos cardíacos congênitos ocorrem em quase 1% das crianças e constituem uma das principais causas de óbito por problemas congênitos no primeiro ano de vida.
Quando se trata de doenças infantis, os fatores que causam doenças nas crianças são os mesmos que nos adultos: sedentarismo, obesidade e má alimentação.
Obesidade, Sedentarismo e Alimentação
Na sociedade moderna, existe um aumento da incidência de problemas cardíacos em crianças, principalmente os relacionados à obesidade. Cada vez mais as crianças são sedentárias e apresentam hábitos alimentares errados, levando à obesidade. Este tem sido um problema que tem aumentado nos últimos tempos, e como acabamos de dizer, problemas cardíacos em crianças pequenas estão relacionados a problemas como o excesso de peso.
Com a disponibilidade tecnológica, cada vez mais as crianças passam tempo no mundo digital e não exercita outras possibilidades de integração, gerando certo comodismo, onde correr, pular, fazer atividades esportivas, dança ou qualquer outra atividade extra, fica em segundo plano.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15% das pessoas de 5 a 9 anos são obesas. Isso quer dizer que uma em cada três crianças tem peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
A obesidade é conhecida por alterar a pressão arterial e aumentar os níveis de colesterol, triglicérides e glicose nas artérias. A criança com sobrepeso ou obesa pode ter níveis aumentados do colesterol ruim (o LDL – lipoproteína de baixa densidade) e níveis baixos do colesterol bom (o HDL – lipoproteína de alta densidade), o que leva ao acúmulo de placas de gordura nas artérias no decorrer da vida. A aterosclerose do adulto já se inicia na infância. Além disso, pode haver uma predisposição genética a níveis altos de colesterol na infância. Essa combinação de distúrbios faz com que o coração fique sobrecarregado, trabalhando mais e com mais obstáculos para um bom funcionamento.
É um aviso para prestar mais atenção à qualidade da comida ofertada e ao estilo de vida das crianças. A alimentação errada pode desencadear ou agravar os diversos problemas já mencionados no texto, por isso a escolha dos alimentos e o preparo evitando o excesso não só de gordura, como também do sal, é importante na formação dos hábitos alimentares saudáveis que vão acompanhar esta criança ao longo da vida. E é bem verdade que toda a família deve participar dos mesmos hábitos, pois além do exemplo, evitar essa alimentação industrializada e gordurosa, também traz beneficio para os demais, e começar uma alimentação saudável é muito importante independente da idade.
Portanto, o cuidado alimentar no início da vida é de fundamental importância para o desenvolvimento saudável do ser humano e a prevenção de doenças cardiovasculares.
Quais as doenças do coração são mais comuns na infância?
Vamos pontuar algumas das alterações cardíacas mais comuns:
Sopro no coração
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, há uma estimativa de que 80% das crianças têm algum tipo de sopro no coração durante a vida. Nessa condição, existe uma alteração na passagem do sangue pelo coração e, quase sempre, o próprio tempo e o desenvolvimento da criança são capazes de corrigir o problema. Mesmo com a possibilidade da correção é necessário um acompanhamento médico para avaliações que descartem outras alterações, como no músculo cardíaco.
Arritmia cardíaca
Arritmia cardíaca é uma alteração elétrica que gera mudanças no ritmo das batidas do coração, podendo refletir em taquicardia, quando os batimentos cardíacos estão acelerados, ou, bradicardia, quando os batimentos cardíacos estão em batidas mais lentas.
Miocardite
A miocardite é uma inflamação no músculo cardíaco, geralmente causada pela evolução de um quadro viral e pode ser um dos quadros mais graves na infância.
Cardiopatias congênitas
As cardiopatias congênitas são malformações na estrutura do coração que podem existir desde o momento do nascimento ou mesmo durante a gestação. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a cada mil nascidos vivos, 10 tem caso de cardiopatias, isso é equivalente á 29 mil crianças nascidas com cardiopatia congênita por ano. Deste total, aproximadamente 6% delas morrem antes de completar um ano de vida.
Em todos os casos, o acompanhamento médico durante a gestação e logo após o nascimento é essencial para que qualquer alteração do coração ou dos vasos sanguíneos seja detectada de forma precoce e corrigida da melhor forma possível.
COMO prevenir doenças cardÍACAS EM CRIANÇAS?
Os cuidados com a saúde e as medidas de prevenção devem acompanhar os seres humanos ao longo de toda a jornada. Esse incentivo desde a infância tornam as chances de ter qualidade de vida maior, através de experiência mais saudável. Alguns pontos importantes:
Acompanhamento médico
O acompanhamento médico desde a gestação do bebê é a melhor forma de prevenção. Um pré-natal e com a mãe recebendo todo cuidado físico e emocional associado a orientações sobre sua alimentação e seus hábitos é fundamental para garantir a boa saúde do bebê e da mãe.
Alimentação saudável
O leite materno é capaz de fornecer todos os nutrientes que o bebê precisa até os seis primeiros meses de vida, sem a necessidade de qualquer alimentação complementar. Após este período, podem-se ofertar novos alimentos, porém o importante é optar por alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras e carnes. Como orientação geral, é importante também evitar a oferta de produtos industrializados, gerando a criança à possibilidade de formar um paladar mais saudável. Os excessos, por exemplo, de sal, leva ao aparecimento de hipertensão arterial, também na infância, fator de risco de doenças cardiovasculares.
Estilo de vida
O fator obesidade e sedentarismo são muito atuais e agravantes para o desenvolvimento de doenças do coração nas crianças. É necessário ficar atento aos hábitos e ao estilo de vida, como por exemplo, passar horas em frente à televisão, computador ou tablete, o que não é recomendado. Crianças precisam brincar para estimular os sentidos e explorar, perceber a vida pelas experiências de toque, olfato, paladar. Essas experiências mexem com a estrutura física e mental e levando ao desenvolvimento humano. Estimular a prática de atividades esportivas, uma que esteja dentro de suas preferências, é outra forma de prevenir as doenças do coração nessa fase.
Podemos concluir que a melhor maneira de evitar doenças cardiovasculares durante a infância e seus reflexos na vida adulta é manter os cuidados com sua saúde física e mental, ter bons hábitos alimentares e fazer consultas periódicas com seu médico de confiança.
O acompanhamento do Médico Cardiologista regularmente, desde o início da vida, é importante para a detecção precoce de condições que possam comprometer o coração. Não deixe de fazer exames, não vá somente à presença de sintomas. Um coração bem cuidado e um coração para a vida toda!
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Até a próxima!