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Câncer colorretal

O segundo mais frequente no Brasil
cancer colorretal

O câncer colorretal – ou câncer de intestino – é uma doença cada vez mais frequente, tanto em homens quanto em mulheres. Muitas vezes, esses tumores se iniciam a partir de pólipos – lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Eles são tratáveis e, quando detectados precocemente, curáveis na maioria dos casos.

Segundo a OMS, nos próximos 20 anos podemos ter um aumento de casos de câncer colorretal de até 63%. Por isso, é importante estarmos atentos às medidas mais eficazes de prevenção da doença: alimentação saudável (com a inclusão de alimentos ricos em fibras e a ingestão adequada de água), prática de atividades físicas regulares e evitar o tabagismo.

Devemos atentar, também, para os fatores considerados de risco, como idade superior a 45 anos, histórico pessoal ou familiar de doenças intestinais, hábitos alimentares não saudáveis, obesidade e sedentarismo.

É importante saber que, em estágios iniciais, a doença pode ser silenciosa e assintomática. Os primeiros sintomas podem incluir: sangue nas fezes, alterações recorrentes no hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e perda de peso sem causa aparente.

Como em várias outras doenças, o diagnóstico precoce é fundamental no combate ao câncer colorretal. Por isso, quem tem entre 45 e 75 anos (sem outros fatores de risco) deve fazer anualmente o exame de Pesquisa Imunológica de Sangue Oculto nas Fezes e, a cada 10 anos, a colonoscopia. Já quem tem histórico familiar de câncer colorretal ou polipose adenomatosa deve ser acompanhado em rastreamento sistemático.

Medidas preventivas e diagnóstico precoce são os nossos maiores aliados, não só contra o câncer colorretal, mas contra muitas outras doenças.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer colorretal corresponde a 8% dos novos casos de câncer anualmente tanto em homens quanto em mulheres.

O processo de surgimento do câncer, habitualmente, demora anos para ocorrer, e é iniciado com hiperproliferação das células e formação de pólipos intestinais do tipo adenoma. Durante esse tempo, as células vão desenvolvendo cada vez mais mutações até que a doença é gerada.

câncer colorretal

Fatores de risco para o câncer colorretal

O câncer colorretal é um tumor maligno (frequentemente do tipo adenocarcinoma) que se desenvolve no intestino grosso (cólon) ou em sua porção final, o reto. O câncer colorretal é uma doença tratável se o diagnóstico for precoce, especialmente se ainda não houver disseminação para outros órgãos.

Como todo câncer, diversos fatores podem aumentar as chances do seu desenvolvimento. A incidência e a mortalidade do câncer colorretal aumentam com a idade, especialmente após os 70 anos. No entanto, o sobrepeso, a obesidade e suas consequências metabólicas associadas, também influenciam positivamente o aumento da incidência da doença em idades mais jovens.

A genética é forte componente no aumento de casos da doença. Em torno de 10 a 20% dos pacientes diagnosticados com câncer colorretal possuem histórico familiar de câncer intestinal, com risco que pode variar a depender do grau de parentesco. Com base em estudos de gêmeos e familiares, as estimativas de hereditariedade do câncer colorretal variam de 12% a 35%. Além disso, pacientes com doença inflamatória intestinal crônica, como a doença de Crohn, apresentam risco aumentado de câncer colorretal e requerem vigilância adequada.

Vários outros fatores ambientais e de estilo de vida também aumentam o risco do câncer. Dentre eles, destacam-se o tabagismo, a ingestão excessiva de álcool, aumento do peso corporal e os consumos elevados de carnes vermelhas e processados. Além disso, alguns estudos científicos apontam que alterações na microbiota intestinal também podem aumentar as chances de desenvolvimento da doença.

Alguns dos fatores de risco para o câncer colorretal são:

  • sexo masculino;
  • idade maior que 50 anos;
  • história familiar de câncer colorretal;
  • síndromes hereditárias como Polipomatose Familiar, Doença Inflamatória Intestinal;
  • sedentarismo;
  • obesidade;
  • tabagismo;
  • dieta pobre em fibras e rica em carne vermelha e carnes processadas.

Como o câncer colorretal se desenvolve?

A grande maioria se desenvolve a partir de um pólipo do tipo adenoma. Os pólipos intestinais são alterações que podem aparecer no intestino devido à proliferação excessiva de células presentes na mucosa do intestino grosso, o que na maioria das vezes não leva ao aparecimento de sinais ou sintomas. O grande problema é que essas células estão em transição entre comuns e cancerígenas e podem evoluir com o tempo para um tumor maligno. Por isso, recomenda-se a retirada dos pólipos para evitar problemas futuros.

Estudos científicos indicam que os cânceres colorretais têm como origem células-tronco da mucosa intestinal. Células-tronco são células não especializadas que possuem um potencial de multiplicação e diferenciação alto, sendo responsáveis pela renovação das nossas células ao longo da vida.

No entanto, alterações genéticas e epigenéticas que inativam genes supressores de tumor e ativam oncogenes (genes que levam ao desenvolvimento de tumores) modificam essas células, transformando-as em células-tronco cancerosas. Essas células são essenciais para a iniciação e manutenção de um tumor em desenvolvimento. Investigar os mecanismos regulatórios que controlam o crescimento dessas células-tronco cancerígenas é uma área promissora de investigação para possíveis agentes terapêuticos e tratamentos preventivos.

Quais os sintomas do câncer colorretal e como é feito o diagnóstico?

Em grande parte dos pacientes, o câncer colorretal é assintomático até atingir estágios mais avançados e graves da doença. Alguns sinais e sintomas inespecíficos podem aparecer, como sangramento retal, diarreia ou constipação, anemia e dor abdominal.

O sangramento retal é um sintoma comum de causas benignas e malignas e, portanto, fatores de risco adicionais podem ser necessários para ajudar a identificar as pessoas que devem ser submetidas a uma investigação mais aprofundada por colonoscopia.

A colonoscopia é um exame de imagem que avalia internamente o intestino e é considerado o principal exame utilizado para identificação de lesões na parede intestinal. A avaliação colonoscópica de lesões avançadas é relativamente simples, mas os cânceres colorretais iniciais podem aparecer como lesões muito sutis na mucosa.

Para estabelecer o diagnóstico final, a análise anatomopatológica continua sendo o padrão ouro. Esse tipo de exame necessita a realização de biópsia da lesão para posterior avaliação em exame anatomopatológico. Neste exame, o médico patologista caracteriza o câncer de acordo com os achados histológicos no tecido.

Além disso, são realizados exames moleculares, como a PCR e a Hibridização In Situ Fluorescente (FISH), com o objetivo de identificar biomarcadores específicos para o câncer colorretal. A avaliação dos biomarcadores é imprescindível para o diagnóstico final, pois o tipo de biomarcador presente na amostra influencia diretamente na conduta terapêutica que será utilizada no paciente, além de indicar se o prognóstico de evolução da doença será favorável ou não.

A presença de mutações em genes da família RAS (como o KRAS/NRAS), por exemplo, indicam potencial resposta negativa a algumas terapias de escolha para o tratamento do câncer colorretal. Assim, o médico possui a sua disposição informações muito importantes que possibilitam uma melhor escolha terapêutica para aumentar a taxa de sobrevida do paciente.

QUAIS OS Tipos de câncer colorretal?

O tipo de câncer colorretal mais comum e que representa 95% dos tumores que afetam o intestino grosso é o Adenocarcinoma. Quando falarmos de câncer colorretal, neste artigo, estaremos falando do Adenocarcinoma.

Outros tipos histológicos apesar de mais incomuns, também podem afetar o intestino grosso. São eles:

Tumor neuroendócrino

Originados de células neuroendócrinas localizadas no intestino grosso. Os tumores neuroendócrinos podem produzir hormônios, e quando isso acontece o paciente pode apresentar diversos sintomas relacionados a essa produção.

Linfomas

Originados nos linfócitos, isto é, nas células de defesa que se localizam no intestino grosso. Apesar de se localizar em um órgão sólido, é uma neoplasia hematológica, pois sua célula de origem é do sistema hematopoiético. O médico responsável pelo seu tratamento é o hematologista.

Tumor estromal gastrointestinal

Originam-se das Células de Cajal, que são as responsáveis pela regulação da peristalse do trato digestivo. Na maioria dos casos, possuem características moleculares que são usadas como alvo terapêutico.

Melanoma

São originados nos melanócitos localizados na mucosa intestinal. São tumores raros e representam menos de 1 % de todos os cânceres do intestino grosso. Os melanomas de mucosa possuem características clínicas e prognósticas diferentes dos melanomas originários da epiderme.

Leiomiossarcomas

Originados nas células de músculo liso que compõem o intestino grosso.

Mitos e Verdades sobre o Câncer Colorretal

Mito. O câncer colorretal é uma doença que pode atingir tanto mulheres quanto homens. Cada ano, mais de 30.000 pessoas de ambos os sexos são diagnosticadas com câncer colorretal e hoje já é o segundo tipo de câncer mais frequente nas mulheres.

Mito. Este tipo de câncer pode sim ser prevenido. O câncer colorretal quase sempre se origina a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir o aparecimento desses tumores é a detecção precoce com a retirada dos pólipos antes de se tornarem malignos. Os exames de rastreamento para diagnosticar a presença de pólipos incluem: enema opaco, sigmoidoscopia, colonoscopia e colonoscopia virtual.

Verdade. Homens e mulheres negras são diagnosticados com câncer colorretal e a doença pode ser fatal, em maior proporção que pessoas de outras raças ou grupos étnicos. No obstante, a razão disso ainda é desconhecida.

Mito. Sim, por enquanto a idade importa, mais de 90% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em pessoas com mais de 50 anos de idade. Além disso outros fatores aumentam o risco de desenvolver a doença, como histórico familiar da doença, história pessoal de câncer (já ter tido câncer de ovário, útero ou mama), além de obesidade e sedentarismo. Se for o caso, converse com seu médico para saber quando o rastreamento da doença deve ser iniciado.

Mito. Embora a maioria dos casos de câncer colorretal seja diagnosticada em pessoas com mais de 50 anos, a doença pode afetar pessoas de qualquer idade, especialmente aquelas com um histórico familiar de câncer colorretal, múltiplos fatores de risco ou aquelas que têm mutações genéticas específicas. Se o seu histórico médico mostra que você pode ter um risco aumentado para câncer colorretal ou se você está apresentando sinais e sintomas da doença, procure um médico para realizar o diagnóstico independente da sua idade.

Mito. O câncer colorretal é, na maioria das vezes, curável, quando diagnosticado precocemente, e ainda não se disseminou para outros órgãos. Mas, devido ao fato da muitas pessoas não realizarem exames de rastreamento, apenas 40% são diagnosticadas em estágio inicial quando o tratamento tem mais chances de ser bem sucedido.

Mito. Não, a maioria das formas de câncer colorretal é de crescimento lento e até 95% dos casos são curáveis se detectados precocemente.

Mito. Durante os primeiros estágios, a maioria das pessoas com câncer colorretal não apresentam sintomas. Alguns sintomas da doença como, por exemplo, alterações nas fezes, sangramento, dor abdominal ou perda de peso sem explicação, aparecem quando a doença já está em um estágio mais avançado, o que pode representar que o tratamento não seja mais tão efetivo.

Mito. Embora possa causar incômodos a colonoscopia não é tão desagradável quanto a maioria das pessoas acredita. O procedimento dura de 15 a 30 minutos e o paciente é sedado para evitar qualquer desconforto.

Verdade. O preparo necessário para o esvaziamento do cólon para a colonoscopia pode ser incomodo, mas existem várias opções que seu médico pode sugerir para tornar o processo tolerável. Um pouco de desconforto é pouco frente à possibilidade de ter um câncer colorretal diagnosticado precocemente.

Verdade. A colonoscopia é considerada um exame padrão no rastreamento do câncer colorretal. Durante o procedimento, todo o cólon é examinado e se existirem pólipos serão retirados. No entanto, existem outros exames alternativos como a colonoscopia virtual, sigmoidoscopia flexível e exames de sangue oculto e de DNA nas fezes. No entanto a visão direta de lesões e a coleta de material de biópsia são muito importantes para o diagnóstico.

Mito. Os pólipos podem ser benignos ou pré-cancerígenos, mas em alguns casos, se não forem retirados, podem se tornar malignos, ou seja, câncer. Por tanto não significa que ter um pólipo é sinônimo de câncer colorretal.

Mito. Atualmente, com o avanço das técnicas cirúrgicas e das opções de tratamento, as colostomias não são uma opção frequente e quando necessárias, são muitas vezes temporárias.

Relativo. A experiência de cada pessoa é diferente e ter câncer colorretal atualmente não é o mesmo que ter a doença há 5, 10 ou 20 anos atrás, grandes avanços têm sido feitos tanto no diagnóstico quanto no tratamento da doença. A maioria das doenças diagnosticadas precocemente é curável. Técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, radioterapia direcionada ao volume alvo, novos tratamentos quimioterápicos, terapias alvo, e novas pesquisas têm contribuído para um tratamento do câncer, menos traumático e mais eficiente, mesmo para pacientes em estágios avançados da doença.

Verdade. Você pode sim fazer muita coisa para reduzir o seu risco. Alguns fatores como o histórico familiar estão fora do seu controle. Mas, estima-se que de 50 a 75% dos casos de câncer colorretal podem ser prevenidos apenas adquirindo um estilo de vida saudável. Ter uma dieta rica em frutas, vegetais e grãos integrais, reduzindo a ingestão de carnes vermelhas e processadas; mantendo um peso saudável; não fumar; ingerir bebidas alcoólicas com moderação; e, praticar exercícios físicos regularmente pode reduzir suas chances de ter câncer colorretal.

Tendo em vista as diferenças entre os tipos de câncer colorretal e as características do desenvolvimento da doença, fica mais simples ficar por dentro da própria saúde. Lembre-se: busque sempre a orientação médica para obter um diagnóstico preciso e dar início ao tratamento que for necessário naquele momento.

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